A questão religiosa na Guerra Civil Espanhola:
O
liberalismo, na Espanha, tinha, desde os inícios do século XIX, sido
violentamente anticlerical; entre os anarquistas, muito influentes na
Esquerda, o anticlericalismo havia sido sempre particularmente
agressivo, ao contrário dos socialistas marxistas. Na medida em que a
Guerra Civil foi a conclusão dos enfrentamentos político-ideológicos do
século XIX espanhol, a identificação da Igreja com a Direita determinou o
anticlericalismo da Esquerda na sua generalidade: Já em 14 de outubro
de 1931, no jornal El Sol, o então primeiro-ministro Azaña equiparara a
proclamação da República com o fim da Espanha católica, e durante a
Guerra Civil, como Presidente da República, teria dito num de seus
discursos, que preferia ver todas as igrejas de Espanha incendiadas a
ver uma só cabeça republicana ferida, e o radical catalão Alejandro
Leroux teria conclamado a juventude a destruir igrejas, rasgar os véus
das noviças e "elevá-las à condição de mães".
A perseguição
anticatólica durante a Guerra Civil apenas continuou um padrão já
existente: nos só quatro meses que precederam a guerra civil já 160
igrejas teriam sido incendiadas. Durante a Guerra, pela repressão
republicana, segundo o historiador Hugh Thomas, foram mortos 6861
religiosos católicos (12 bispos, 4.184 padres, 300 freiras, 2.363
monges) uma obra mais recente, de Anthony Beevor, dá números muito
semelhantes (13 bispos, 4.184 padres seculares, 283 freiras, 2.365
monges).13 De acordo com o artigo espanhol, foram destruídas por volta
de 20.000 igrejas, com perdas culturais incalculáveis pela destruição
concomitante de retábulos, imagens e arquivos. Diante disto, é pouco
surpreendente verificar que a Igreja Católica, tenha chegado, na sua
generalidade a propagandear a revolta contra o governo e chegado a
compará-la, numa declaração coletiva de todo o episcopado (1 de julho de
1937) com uma cruzada moderna; note-se, no entanto, que os mesmos
bispos espanhóis, numa carta de 11 de julho do mesmo ano de 1937,
mostraram-se ciosos em desmentir à opinião católica liberal, que via na
intransigência conservadora do clero espanhol a razão das perseguições
por ele sofridas, argumentando que a Constituição republicana de 1931 e
todas as leis subsequentes haviam dirigido a história da Espanha num
rumo contrário à sua identidade nacional, fundada no Catolicismo
ou, nas palavras do Cardeal Segura y Sáenz: "na Espanha ou se é católico
ou não se é nada".
Muito embora houvessem sido realizados
esforços de propaganda pelos republicanos no exterior em favor da
liberdade religiosa (o Ministro da Justiça do governo Negrín, Manuel
Irujo, autorizou o culto católico, que, no entanto, na prática
realizou-se de forma semi-clandestina15) de forma a não alienar a
opinião pública católica internacional e os próprios grupos católicos no
campo republicano (muito notadamente o principal partido basco, o PNV) o
campo republicano era em geral anticlerical e apoiava a repressão à
Igreja. Por outro lado, o escritor e filósofo católico francês Jacques
Maritain protestou violentamente contra as repressões franquistas contra
o clero basco, e teria dito que "a Guerra Santa, mais do que ao infiel,
odeia ardentemente os crentes que não a servem".
Em 11 de maio de 2001, o papa
João Paulo II procederia à beatificação de 233 vítimas religiosas da
repressão republicana 16 . Uma nova beatificação de outras 498 vítimas
seria proclamada por Bento XVI em 28 de outubro de 2007. Esta última
beatificação, que não foi celebrada pelo próprio papa, não sendo
incluída, entre suas celebrações litúrgicas, foi no entanto, a maior
beatificação da história da Igreja Católica 17 . O papa declarou, na
ocasião, a importância do martírio como testemunho de fé numa sociedade
secularizada.18 Continuam sem solução os protestos dos parentes das
vítimas das repressões nacionalistas ao clero basco contra o que
consideram falta de reconhecimento da hierarquia católica.
Fontes:
Fontes:
http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/guerra_civil_espanha.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_Civil_Espanhola
http://educacao.uol.com.br/historia/ult1704u34.jhtm
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